sábado, 27 de dezembro de 2008

Paris

Quando estivemos em Paris, me recusei a sair do hotel. Tomava café e voltava ao quarto, pedia espaguete ou pitsa pelo telefone e preferia a televisão à janela. À noite ela chegava, “Estou exausta”, e me narrava em detalhes o tour do dia. Mostrava as fotos que havia tirado, falava dos vestidos lindos “mas caríssimos!” que vira na Galerie des trois quartiers ou na Champs Elysèes. Às vezes trazia-me doces exóticos do bairro árabe, ou roçava-me o punho ao nariz, mostrando porque não conseguira se decidir entre os perfumes, “Todos maravilhosos...”

E Paris ficou sendo, para mim, essa mulher que me trazia Paris. Sua inacreditável voz de criança me descrevendo os monumentos da cidade, seu hálito permanentemente doce, seus olhos grandes de libanesa, seu corpo mole de cansaço, que estalava com o meu massagear... E, à noite, quando ela se despia para dormir e seu relatório finalmente terminava, era só então que eu realmente me interessava por Paris — minha exclusiva e deliciosa Paris.

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